segunda-feira, 2 de março de 2009

Ouvir Estrelas!

Quando olho para o céu e vejo as estrelas e vejo o seu brilho, eu penso cá comigo que elas são muito anteriores a todas as perspectivas que temos e que criamos. Sinto-me melhor, sinto-me livre, sinto-me com paciência para esperar. Pois assim como é preciso aprender a ser árvore, também é preciso aprender a ser estrela, e como elas, conservar o seu brilho sempre e ter força para renová-lo e saber que mesmo explodindo, uma explosão gera fragmentos de estrelas, e esses geram um novo brilho, que perpetua àquele, a lembrança deste... Acho que por isso olho às estrelas em dias de céu limpo, talvez por isso e procure guardá-las dentro dos meus olhos, e neles mantenha o mesmo brilho cheio de perspectivas...

Xico Fredson!

Saudades!

Aos amigos Ezequiel, Eduardo, Harlon, Luís André, Sylvinha, Maria Helena, Rafael, Zizi, Raquel Lócio, minha Filosofa e amiga predileta, Carlinha Maciel... entre outros cuja memória me fogem o nome, mas sintam-se homenageados. Uma vez distantes, mas não de tudo...

Saudade é a distância que aumenta,
É a hora que não passa,
É o silêncio que chega com a noite
É vontade de não acordar
É uma confusão de cheiros, sabores e sons
É a ausência do cotidiano
É a vontade de correr pro meio da rua e gritar
É sentir falta de colo;
É se apegar às fotos antigas como quem se apega ao galho de uma árvore
Quando a correnteza parece te arrastar pra longe de ti
É perceber que tudo isso é inútil, porque saudade é morte.
É um nó na garganta que não desata nem com uma dose da mais pura cachaça
Saudade é como o fígado do Prometeu Acorrentado, a gente pensa que a consome durante do dia, mas ela se reconstrói à noite, e vem bem mais forte.
Saudade é uma coisa ruim, que não mata, mas ensina a viver e enxergar o mundo
com novos olhos, no começo, estranhos novos olhos.
A saudade abre oportunidade para que outros cotidianos se façam, para que uma nova vida se faça e para que novos colos macios apareçam.
Saudade é coisa estranha. É coisa pessoal, é coisa que só acaba quando queremos, talvez por isso seja tão estranha, porque muitas vezes não queremos que ela acabe.
Ter saudade é ter certezas.

Xico Fredson!

Hino ao JBC

Quando entro em quadra, sou guerreiro lutador, faço o adversário tremer;
Quando estou na arquibancada, sou torcedor, sou fiel, faço o meu time Vibrar;
Garra;
Força;
Vontdade de vencer...
Sou guerreiro, sou JBC!
Não me sinto só, pois onde quer que vá, levo comigo a massa, levo comigo a fé!
Dentro de quadra sou arquibancada;
Na arquibancada, sou quadra.
Sua força é minha força! Seu grito é minha vontade!
Vamos correr pra vencer, pois somos todos JBC!

Xico Fredson!

Declaração de amor a uma parte de mim!

Texto Pagão



O que há de novo? Um segredo que estou trazendo aqui dentro. Uma palavra nova que aprendi e que ainda não gastei em nenhum texto...Fora isso, sou o mesmo, com as mesmas manias. Continuo gostando de beber vinho e comer chocolate, continuo ansioso e ouvindo o som da turbina dos aviões que vão e que vêm. Continuo amando a Lua, só que agora observo o céu como um todo e o percebo como uma grande rede de pescar sonhos, cheia de espaços luminosos por onde os sonhos passam; continuo alegre-poeta que busca a palavra perfeita e o equilíbrio entre o homem e o menino que sou. Estou ouvindo músicas antigas, e algumas coisas novas, essas confesso que com alguma-muita resistência, acho que preconceito mesmo; ainda uso o mesmo perfume, continuo lendo Drummond e escrevendo coisas que alguns chamam de poesia, mas prefiro chamar de coisas (in)servíveis. Continuo andando nos mesmos lugares de antes, só que com outras companhias. Continuo a dormir tarde. Ainda silencio todo fim-de-tarde ante o Pôr-do-sol; ainda gosto de andar na madrugada; ouvir o delicado som do trovão; sentir os pingos da chuva no rosto, ouvir o som dos meu passos quando a rua está deserta e o mundo todo dorme em paz ou não; só não eu durmo, só não a Lua, só não a moça no computador com seu rádio ligado para não se sentir só. Ainda me chamam Fredson. Hoje eu não sei se sou mais Cristão ou mais Pagão, acho que me tornei mesmo foi um grande devedor, e meus credores hoje atendem por outro nome que não Deus ou Zeus...Pra ser sincero, passei a crer mais nos Signos que nas religiões, nas cartas e no que está escrito nas linhas tortas das minhas mãos... Mas o certo é que ainda me chamam Fredson, e me sinto atraído por uma nova paixão nova, por uma nova vida nova, por uma surpresa e pelo mesmo amor às palavras, mesmo quando elas me perturbam nos horários mais inadequados como no meio da noite, como agora...


Xico Fredson!

Fragmentos de uma noite de Insônia

À Carmecita

I


Tenho momentos de insensatez e muitos momentos de loucura, momentos de aconchego e momentos de solidão... Tenho momentos em mim e momentos no outro! Mas sempre momentos, fragmentos de mim no tempo e num espaço desconhecido e indefinido...

II

A Serra por onde o sol se escorre todo final de tarde... A Serra de onde a noite vem trazendo o seu silêncio necessário para que o mundo possa adormecer em paz...
Inominado...



Xico Fredson!

Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças

Há um lugar em mim que o tempo nunca vai tocar, que o tempo nunca vai apagar nem descolorir, como ele fazia com as fotos antigas, desbotando-as e fazendo-as perderem a graça...
O nome desse lugar é aquela tarde; é aquele beijo; é aquela praça...O nome do lugar que o tempo jamais vai tocar não pode ser pronunciado de uma só forma. O lugar deve ser fragmentado, quebrado em cem pedaços para que assim se possa ludibriar o Tempo Rei, de forma que ele não saíba qual dos lugares foi aquele em que nos tormanos uno, e mesmo que ele percorra os cem lugares, sempre vai haver um segredado guardado entre as palavras e entre os olhos.

Xico Fredson!

Coisas Desconexas!

E dentro daquela caixa azul havia uma solidão que era dividida por dois, dividida pelos dois.
Os seus corpos se retorciam devorados por dois cães, um deles chamava-se saudade, o outro chamava-se ansiedade, animais famintos que quanto mais comiam, mais queriam...

Minhas retinas apreendem imagens, minhas pálpebras são como plantas carnívoras sempre devorando as imagens retidas.
Ontem vi uma menina com fitas azuis nos cabelos, flores nas mãos, duvidas nos olhos...
Mas o que me atraia não era a imagem que se formava dela, o que eu devorava era o som dos seus lábios, uma frase que de tão surrada perdeu muito do seu sentido original. Mas ao ouvi-la, parecia até uma frase dita em uma língua morta: Eu te amo, ela dizia. Alguns gritaram: blasfemia!!! Outros eram mais radicais: Jogar pedra é pouco, ateiem fogo nela!!!!

Xico Fredson!

Homem das Horas!

Eu não nasci pra partir, eu nasci pra ficar. Nasci pra ser árvore, pra ver e acompanhar as mudanças no ambiente, nas pessoas, na cidade, no mundo...
Nasci pra ser ninho de pássaro que vai, que vê o mundo lá de cima, que solta dejetos sobre as árvores e sai sorrindo, escondendo-se por trás das nuvens de algodão e chuva.
Nasci pra ter raízes, pra suportar tempestades, pra dar abrigo, pra dar frutos e até morada. Nasci pra estar sempre ali, mas na realidade, graças ao pássaro que não sou, posso estar em todos os lugares por onde ele voar.


Xico Fredson!

Misturas

À Sylvia, com carinho, obrigado minha amiga pelas belas sempre tão oportunas e sempre tão bem vindas.

Não confunda a delicadeza do cristal com fraqueza, nem tampouco pense que pelo fato de eu aparentar ser fraca, não tenha forças para superar adversidades. Eu sou o que você menos supõe, o que mais duvida, o que nao vê. Estou exatamente no ponto onde não pode me enxergar, num ponto obscuro da sua mente estreita que não enxerga o óbvio, mesmo que ele venha com meu nome envolvido em neon. Tudo isso porque o meu verdadeiro ser é invisível aos seus olhos materiais e às coisas colocadas como padrão. Da caverna em que você habita, eu fugui há anos, pois no meio de tudo isso, de toda essa confusão eu procuro a luz, e não me importa que ela pareça ridícula ou que não ilumine os seus ideais. No meio de toda essa perfeição vestida com roupas tecidas com fios invisíveis, os mesmos fios que teceram a roupa do Rei, eu sou uma falha, a impureza que agride os olhos de quem segue sempre em linha reta. Um defeito para além do que aparenta ser normal. É na minha liberdade de dizer "não" que reside a minha força. É em locais esquecidos pelo homem que me refugio. É onde não há sinais de celular, onde não há internete, onde não posso ser encontrada... Sou como um encanto, como o resultado de duas mãos juntas materializando uma prece. Só apareço quando e pra quem quero. Eu sou o que quero e não o que querem, meu nome é Liberdade...
Xico Fredson!

Partir

Seguir viagem. Deixar pra trás cartão de crédito, identidade, CPF, contas... Seguir viagem, apenas com a roupa do corpo, porque sem ela não se segue, sem ela não se passa da esquina, nem da fronteira que separa a verdade da civilidade. Seguir viagem pela estrada, guiado pelas linhas no asfalto e tantando atingir sempre o horizonte que a cada dia se distancia mais, seduzindo mais o olhar de quem quer seguir... Seguir viagem em direção ao desconhecido, ao incerto, ao assustador, a si mesmo.

Xico Fredson!

Amante das Palavras

A Manoel de Barros.
Procuro a beleza escondida nas palavras, guardada entre um suspiro e outro, um olhar e outro. Procuro a beleza que existe nas palavras que ainda não foram ditas, aquelas que estrangulam o peito, sufocam a garganta, e que nos causam arrependimento por não as ter lançado ao papel ou aos ouvidos de quem as merecia.
Procuro a beleza escondida por trás de um sorriso, procuro a beleza nas palavras, nas palavras comuns, das pessoas comuns... Procuro a beleza nas palavras!
Procuro o jeito de certo de dizer a mesma coisa, mas com outra beleza, com outra sonoridade, um modo de suprir a ausência, de encerrar o hiato... Procuro a palavra certa que esse foi escondido para além de onde o arco-íris faz a curva.



Xico Fredson!

Canto pras estrelas dormirem

Você é tão linda quanto a estrela matinal;
Tão linda quanto a lua nascente, das seis da tarde;
Tão linda quanto o sorriso de uma criança;
Tão enigmática quanto o sorriso de Monalisa;
Tão saborosa quanto um jambo;
Tem a pele tão macia quanto a seda;
Tem a cor do dia;
Tem o cheiro do mar;
Os olhos do sol poente;
O som da sua voz pra mim é como um poema
O seu caminhar parece me arrebata pra longe de mim;
A sua presença me perturba e me deixa fora de mim, como a ausência de sinal nos celulares da OI;
Seu corpo é gostoso, seu rosto é bonito...
Você é mais especial que um presente de natal,
Tão esperada quanto um presente de aniversário;
É mais inteligente que uma enciclopédia;
Conversar com você é uma alegria pra mim, beijar você é uma loucura que me leva pra longe, onde ninguém pode atrapalhar o que há de perfeito: onde celulares não tocam, onde não existam lembranças, onde o relógio não conte, onde não haja olhos, apenas os meus e os seus fechados por muito tempo;
Você pra mim é tão especial quanto minha primeira medalha, mesmo ela sendo de terceiro lugar, você vem em primeiro plano sempre, da hora que acordo e ligo pra dizer bom dia, até a hora em que durmo e digo, te amo...
Você é muito importante, gosto mais de você do que de café;
Você é isso, um sonho pra mim e quando te vejo eu penso em você, desde o amanhecer até quando eu me deito;
e quando me deito e quando tudo pára, você continua como o sangue que corre em minhas veias...


Xico Fredson!

Convite

Vamos mudar o mundo com flores, drops de menta e idéias... Derrubar sobre a cabeça dos incautos um céu de brigadeiro e estrelas de chocolate... Vamos mudar o mundo com flores e drops de menta! Vamos escrever frases de amor nos muros da cidade, andar de mãos dadas e cantar canções de protesto: abaixo o desamor, acima a alegria e o sorriso!Vamos insultar os inertes, convida-los a acompanhar a banda ao invés de ficar olhando-a passar... Vamos mudar o mundo, Minha Flor, com flores, drops de menta, chocolate e idéias...


Xico Fredson!

Guerreiros também choram

In Memorian de Mauro César de Oliveira Alves, descanse em paz, Guerreiro, agora somos 39!

É quando a garganta trava;Os olhos umedecem;A voz tropeça na emoção;O abraço, o afago e a atenção já não bastam, já não são suficientes... já não confortam!O adeus se torna inevitável, mas cada vez mais difícil de se dizer, quando havia tantas outras coisa a se falar. É quando percebemos que construir castelos nas areias movediças do futuro não é prudente, e que em alguns momentos a vida deve ser medida não pela prudência, mas pela ação, não pelo medo, mas pela ousadia, não pela descrença, mas pela fé em que aquilo que se quer e que se sonha pode acontecer...


Xico Fredson!

Interrogações

Qual será a cor daquele sussuro?
Qual será o som daquele sorriso?
O que guardará aquele silêncio por trás daqueles brancos dentes?
No que pensa quando cala?
O que fala quando olha?
Pra onde olha quando fecha os olhos?
Pra onde?
Por quê?
Com quem?

Xico Fredson!

Apesar de tudo

Não somos apenas nossas contas, nem nossas orações ou as horas passadas; nem somos essa solidão ou esse silêncio quebrado pelo brilho do céu. Não nos resumimos àquela música, àquela festa ou àquele beijo não dado, àquele momento passado, presente, futuro; o que somos não está contido apenas em números, senhas ou códigos alfabéticos. Nossos olhos não são placas, nossos sentidos não seguem o que orientam os dedos tortos dos que, em vão, tentam escrever certo;
Não somos nossos livros, nossas ideologias compradas em poemas escritos em paredes de metrôs ou portas de banheiros em aeroportos lunares, ou a filosofia discutida entre um trago e outro de cicuta.
Não somos os poemas-nossos ou o poema-dos-outros que elegemos como nossos; não! Somos mais que isso, apesar de nos querer limitar a isso. Somos mais que o cotidiano tenta nos limitar a ser, somos mais que um dia ruim ou mesmo uma manhã nublada. Estamos para além de nossas depravações mais puras, dos nossos pecados mais castos...
Não somos, como dizem por aí, sacos cheios de sonhos, angústias e desilusões, não apenas suportamos a vida, precisamos lembrar que também a construímos com palavras, angústias, desilusões e acima de tudo: Sonhos... Sonhamos o tempo todo, essa é nossa matéria básica, nossa pedra filosofal, nosso alicerce para a construção da vida que queremos ter, que será diferente da que temos, da que estamos cheios de ter. Por isso sonhamos com o que não conhecemos, alicerçamo-nos assim.
Não somos apenas isso. Somos mais. Frágeis onde se quer força, fortes onde se quer fragilidade. Onde a vida nos exige isso, damos aquilo em troca. Somos controversos, cheios de dilemas, bifurcações que nos fazem sentar à beira da estrada e se perguntar: pra onde?
Nem Fausto, nem Mefistófeles, nem tampouco um medíocre na foto ao lado... Somos uma matéria não determinada, somos um mistério para nós mesmos, sujeitos de ações muitas vezes indeterminadas.

Xico Fredson!

A menina na foto

Sua percepção de mundo estava ficando cada vez mais clara, mais simples. Durante a viagem ela percebia o mundo pela janela do carro. O mundo agora não era apenas um combinado de luzes que se acendiam e se apagavam, um mundo de gente que saia pela manhã e voltava à tardinha, como ela via pela janela do apartamento em que morava. Durante a viagem o mundo tomou uma tonalidade diferente do que ela conhecia. Em alguns momentos era de um imenso verde, parecia até um mar, e as serras pareciam ondas no meio daquele mar todo verde. Em outros momentos o mundo se pintava, pela janela do carro, em um tom cinza e sem vida. E por mais que ela olhasse e procurasse la fora alguma variação de cor, encontrava sempre o mesmo tom cinza, como um dia sem alegria. A menina entristeceu e entardeceu juntamente com o dia, mas antes do pôr do sol, no último suspiro de todo aquele dia de descobertas, ela avistou uma flor no alto de um Mandacarú; a menina pode ver que há beleza na tristeza e que o mundo apesar de suas desigualdades tem sua razão de ser.
Xico Fredson!

Pecados no Paraíso

Bela, a abertura do seu decote é a entrada do labirinto por onde começo a me perder. É através dele que penetro no teu corpo... Enlouqueço no terreno macio da sua nuca, ato-me ao teu pescoço como um filho que não quer largar o colo da mãe. Amarro-me nos seus lábios rosa, amo seus olhos castanhos claros e tão silenciosos quanto os mais profundos lagos e tão tranqüilos e tão envolventes que chegam a me devorar entre uma piscadela e outra; alimento-me dos seus seios firmes, forte e lindos...
Faço o teu corpo pulsar ao som de uma balada, e ele dança como uma serpente que rasteja sobre a areia quente do deserto, e ele treme como se um terremoto de proporções imensuráveis invadisse-o e fizesse com que os conceitos e preconceitos que lhe serviam de pilastras ruíssem sobre a cama, deixando-lhe desamparada, indefesa, toda minha, toda nua ao som da balada que canto intimamente...Pecados no Paraíso.

Xico Fredson!

O Aceno

Nós estamos sucumbindo em nossas próprias fraquezas e não estamos tendo forças para reagir a pressão externa exercida pela gravidade e pelas coisas da vida. É como se uma apatia estivesse pairando sobre nossos olhos e ofuscado todo o brilho que antes havia, é como se nossos ombros não suportassem sozinhos o peso da responsabilidade, o peso que não pode ser dividido, o peso de um mundo que criamos e recriamos a cada manhã... A sensação é parecida com aquela tela em que um desconhecido acena na direção duma desconhecida, numa manhã qualquer, em uma rodoviária qualquer, e fica esperando que quem parte, mesmo sendo desconhecido, reponda ao aceno com a poética combinação de sorriso e lágrimas, untada com a expectativa do retorno, o eterno retorno...

Xico Fredson!

Mais que um desejo...

Havia uma felicidade tão forte em se dar naquela manhã, havia uma alegria tão grande em se caminhar naquela tarde, havia o som dos dois corpos naquela noite... havia a alegria de uma outra manhã, de uma outra tarde e uma outra noite... havia a perspectiva do talvez, mas não a impossibilidade do não. Com uma das mãos apoiando o queixo e com a outra levando uma das pernas dos óculos à boca, refletia a pessoa sentada defronte ao mar, o velho e inexplicável mar... ah mar!!!!!!!! A-mar...
Xico Fredson!

Leve

Sentia-se como se escorresse pelo mundo, escoando como água que foge entre os dedos das mãos quando se lava o corpo. Sentia como se não existisse um lugar pra ele se apoiar, um chão em que pisar. Tudo parecia tão movediço, tão inconstante: castelos de areia que a todo instante vinham por terra. Moinhos de vento que não tinham suas pás movidas pelos ventos do sul. As coisas perdiam o nome, era como se peixes estivessem na estante e livros nadassem em aquários. Psicodélico mundo, piscodélica vida, drops Dulcora. Era uma grande distorção que se apresentava em sua cabeça, uma grande confusão, como se tivesse caído no mundo das Maravilhas, mas sem Alice, sem Estrada dos Tijolos Amarelos. Não tinha sentido aquele mundo, como não tinha este. Então o mundo continuava assim, com suas coisas fora do lugar...E no final das contas, ele mais se imaginava do que era, ou o que era não cabia no que conseguia ser. E toda aquela confusão transformava Moinhos de Vento em gigantes com armaduras , empunhando espadas, desafiando-o a uma luta desigual. Ardiam seus olhos por trás daquela máscara, que um dia já foi rosto de criança. Aquele corpo era o cenário de uma batalha que não será contada em versos e prosas, que não será retratada em ilustrações nos livros de História. Seu nome não estará escrito, nem seus grandes feitos serão contados por ninguém, porque no final das contas, ele não suportou o embate com os gigantes, e seu corpo rompeu e partiu como uma corda que arrebenta no lado mais fraco.

Xico Fredson!

Mas há de vir!

Há de chegar o dia em que dizer eu te amo não será considerado pecado, em que não mais vai haver necessidade de se esconder para escrever um poema, em que ao se andar de mãos dadas por aí, não será necessário o ato mecânico de olhar por cima dos ombros, um dia em que se poderá ser feliz sem exigir um "talvez" ou um "se"; vai chegar o dia em que a calma reinará e finalmente poderei olhar nos seus olhos e não mais verei aflição, apenas ternura, poderei ver apenas a minha imagem paquerando a menina dos seus olhos...

Xico Fredson!

Várias Variáveis

I

Um dia, quero ter a mesma serenidade que você tem hoje;
Um dia, quero seguir pelos mesmos caminhos que você segue hoje;
Um dia, quando nos encontrarmos, farei de você meu paradeiro, e será como dois pontos de um mesmo novelo que se encontram...

II

Menina, quero fazer de ti meu paradeiro, meu endereço; em teus olhos desenhar meu corpo, em tua boca escrever meu nome santo, em teus ouvidos sussurrar prosas impuras, versos sagrados, poemas sensuais. Fazer do teu corpo meu pão, com o qual me nutro, e do qual sugo toda a seiva da vida...

III

Havia uma menina encantada com um menino, mas o menino não sabia... Havia um menino encantado com uma menina, mas a menina não sabia... Os dois se olhavam como um espelho que nada refletia, os dois se sonhavam como quem dorme acordado. Havia um anjo observando os dois, mas nada dizia! Não era um anjo desses que aparecem nas novelas das 19h, era um anjo que não intervia na vida das pessoas, por isso: a menina nunca descobriu que o menino gostava dela, mas o menino nunca deixou de amar, e o Anjo continua assistindo a tudo, comendo pipoca e bebendo guaraná.


Xico Fredson

Perguntas!

Em busca do quê? Viajando pra onde? Fazendo o quê? Pra quê? Por quê? Por quem? O perdão é um dom? A solidão é uma dádiva? O amor um ócio destrutivo ou construtivo? A música encanta a musa? A musa não tá nem aí pras músicas? O que fazer com as coisas da vida? Onde jogá-las ou então, onde plantá-las? E as rosas, o que se faz com elas quando murcham? Joga-se fora ou joga-se dentro? E os nossos olhos, o que fazer com eles quando lacrimejam? Enxugá-los ou deixá-los expor a nossa fragilidade? E o poeta, o que fazer com a poesia? E o sorriso sincero, deve-se guardá-lo para um porvir, um devir? E aquelas fotos que de tão antigas já se tornaram amarelos como os sorrisos desfalcados, o que fazer com elas? Jogá-las pela janela ou deixá-las desaparecerem por si? O que fazer com aquela mochila guardada, pegar o necessário, tirar o vazio que se encontra preenchendo-a e seguir viagem ou deixá-la como está, e ficarmos onde estamos, indiferentes a um belo dia de sol? O que fazer com os nomes que damos as coisas, com os livros que não lemos, mas que gostaríamos de ter? O que fazer com o mundo quando ele pesa sobre os olhos? Fechá-los e tentar lançar um novo olhar sobre o que já é velho e aparentemente definitivo? Onde estão os anjos? Onde estão os santos? Onde está minha Pitonisa? Onde estão meus óculos? Onde estão as placas? Onde está o interruptor? Onde estão as lendas, os mitos, as fábulas, onde estão todos? Onde estou eu? Em que canto do corpo da menina estarei escondido? Guardado como um Segredo que o próprio silêncio desconhece...
Xico Fredson!